sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Caracóis e cogumelos


         Eu diria que sou, apesar das minhas imperfeições, uma boa amiga. Até seria amiga de mim mesma se não fosse eu. O estranho é perder uma amizade devagarzinho sem poder fazer nada, por que a culpa não parece ser minha.
         Diria que eu sou como um cogumelo para caracóis num dia de chuva. Estou sempre lá, sou a proteção para a chuva que os molharia. E faço isso sem me importar com as consequências, por isso, na chuva, mesmo que relampeie pra valer, eu continuaria protegendo os caracóis. Só há um detalhe que deve ser levado em conta: relâmpagos sempre acertam alguma coisa e tempestades sempre deixam lama, enchente, chão escorregadio. E, às vezes, eu sou atingida por esses infortúnios e me machuco. Mas essa opção é preferível. É melhor me magoar que jogar uma amizade fora, deixá-la ser levada pela correnteza sem fazer nada. Prefiro que eu me machuque com as cordas apertadas ao meu redor, nas quais os caracóis se seguram para não serem carregados a permitir que eles se vão. Desse modo, eu me recuperarei e terei sempre ao meu lado os meus companheiros caracóis. Caso contrário, não estaria machucada, porém ficaria só.
         Tento conservar minha amizade pelos caracóis com todas as minhas forças, ela é importante demais pra torna-se irrelevante. Mas um dos caracóis insiste em querer escorregar pela lama e afrouxar o nó que o prende à corda. O que eu posso fazer em relação a isso? Como um simples cogumelo, que oferece abrigo e proteção pode impedir o caracol fugitivo de arriscar os perigos da vida lá fora?
         É, eu sou o cogumelo. E o que devo fazer? Aparentemente, é o caracol que quer ir embora, talvez, ele nem sequer note que os nós estão folgados e prestes a desatar. Essa é uma visão que só o cogumelo tem, pois ele pode ver tudo do alto, enquanto o caracolzinho parece não notar que seu amigo não está bem, está machucado demais pra agir como faria nos bons tempos, e nem sequer observa o súbito afastamento e a mal disfarçada preocupação.
         Será que o cogumelo terá que deixar o caracolzinho partir, deixar o nó desatar? Será que o caracolzinho não vai perceber que a corda está folgada? O cogumelo não quer dizer isso ao caracolzinho, teme que ele não vá ser sincero em sua resposta e só finja atar o nó, deixando-o folgado para partir assim que possível. Por ora, essa parece uma solução aceitável, mas é apenas uma gambiarra, nada mais. Não é uma solução permanente, não é sequer uma solução. E o cogumelo cansou de gambiarras, por que ele é muito direto, objetivo. Não dá pra ficar em cima do muro com o cogumelo, a não ser que você tenha sido o caracolzinho. Mas não mais. O cogumelo não tem uma solução definitiva e a quer mais que tudo, pois tem o "complexo de Rubik", precisa solucionar o quebra-cabeça.
Larissa Artemis

3 comentários:

  1. Comentário dessa que costuma vos escrever:
    Esse texto foi escrito por Larissa Artemis que é uma semi-irmã minha e a pessoa que revisa todos os meus textos que vem pra cá e que escreve brilhantemente bem. Ultimamente temos vividos muitas coisas algumas nem tão legais assim, mas como ela disse um dia: “a gente já passou por coisa pior juntas e ficou tudo bem” e é assim enquanto estivemos tivemos uma a outra pra “dividir” a gente vai superar o que acontecer mesmo quando não sabemos o que fazer como aconteceu com o fato relatado no texto. Ela sabe que sempre estarei aqui “pra chorar e pra sorrir”!

    ResponderExcluir
  2. Steh, é como já dizia Renato Russo: "Não preciso de modelos | Não preciso de heróis | Eu tenho meus amigos". E eu tenho meus amigos e os amo muito! Você, claro, faz parte deles. Assim como mais algumas pessoas que acabaram se tornando importantes sem perceber, mas já fazem parte do meu Hakuna Matata (também conhecido por Lance do Timão :P). Só que geralmente, uma pessoa não ama a outra do mesmo jeito que eu a amo e eu tenho que entender que isso não quer dizer que ela não me ame com todo o coração (vi isso em algum lugar e gostei pra caramba)! Talvez se conseguir enfiar isso na minha cabecinha oca, o cogumelo descubra o que tem que fazer em relação ao caracolzinho.
    No mais, é só isso mesmo. Nega, você já sabe, mas não custa repetir: tô sempre aqui pro que der e vier! Te amo, visse? E aos leitores do blog da Steh, espero que gostem do que escrevi em um momento de insônia qualquer :P

    ResponderExcluir
  3. KKKK. Amo vcs duas, talvez ateh mais do que vcs acham que merecem... e digo ao cogumelo que ele não está sozinho, existem sempre outro cogumelos que tem os mesmos problemas que este da estória, mas sempre estarão lá para compartilhar suas dores. Bjs.

    ResponderExcluir