sábado, 19 de novembro de 2011

Epílogo


Prometi a mim mesma que não escreveria mais sobre isso, mas aprendi, há um tempo nem tão longo assim, que a gente só pode escrever o que é dito pelo o coração e ultimamente meu coração vem gritando uma única coisa, quebrando mais uma de minhas regras.

Há algum tempo atrás, tempo demais para mim, escrevi “Chama da infantilidade” e venho agora contar seu desfecho. Aprendi que os melhores finais são aqueles óbvios em demasia que todos os leitores pensam, mas não consideram. Essa história então não podia ter um epílogo melhor: o guri que cativou a menina de coração inabitável volta para o seu planeta sem nunca terem vivido “o seu sonho de uma noite de verão” e ela se surpreende ao se dar conta que tudo provavelmente foi mais perfeito por nunca ter saído de suas teorias.

 Um fato curioso é que na ultima palavra do epílogo, ela se encontra acompanhada de reticências, o que me faz pensar que quem sabe um dia, talvez, possa haver a continuação dessa história tão sem razão e desprovida de sentido. Existe mais um fato interessante: a escritora deixa uma recomendação a quem for escrever a sequência dessa história: “quem um dia, não se sabe qual, ficar responsável por continuar essa história, ainda não escrita totalmente, peço que leia todo esse primeiro volume prestando excessiva atenção nos detalhes que nem sequer foram escritos. É preciso saber também que o fim nesse momento desagrada à escritora, mas que essa entende e até gosta que termine assim especialmente porque já existe o capítulo onde se descreve com uma precisão inacreditável o jeito de olhar desse guri e a forma como ele devolvia a essa menina ela mesma”.

No fim, a menina parece mais uma vez “caminhado para o fim” –  é como se estivesse atuando em um filme que já encenou, só que com outro personagem principal e mesmo assim ela nem quer fazer parte desse filme de novo. O roteiro é mesmo e ela está lá sentindo as mesmas coisas, mas rezando para o fim ser diferente, como se o final de filme mudasse só por que mudou o ator. Ela sabe que vai passar, que vai ficar bem, que só restará a lembrança do sorriso, do brilho indeciso dos olhos e todas as outras manias próprias do personagem principal. Ela sabe que se consolará, que aparecerão desconhecidos e conhecidos que preencherão esse vazio sem o consentimento dela – ela já conhece o filme inteiro. Só que cansou de atuar nesse filme que sempre recomeça com um personagem principal diferente, mas possui o mesmo fim. E sobre o ator principal nunca se sabe muito, sobre esse em especial menos a ainda, só que ele faz algumas coisas incrivelmente parecidas com a menina, mas não há relatos de seus sentimentos, ou ideias, então todos criam teorias que nunca serão confirmadas por que, sem muita explicação, o ator partiu e agora o filme passa só com a menina e todos sabem onde acaba.

Essa história é mesmo inacreditável: seu começo começou sem um começo e o fim acaba sem um final. Bom, temos uma data, mas isso não vale muito quando o fim de fato já ocorreu. Acho graça, falo como se vocês conhecessem a tal história, ou talvez seja melhor usar estória, é que ela é incerta quanto à veracidade, pode ser que nada tenha passado de um sonho ou vai ver foi uma realidade rápida demais o que deixou dúvida. Mas sem dúvida, ele foi a melhor “descoberta do conhecido” que a tal garota já fez. A rendeu as melhores madrugadas em claro e as melhores teorias e cenários que ela jamais poderia realizar, cenários esses que precisarão ser adaptados as novas teorias que terão que ser formuladas, depois desse epílogo.

“(...) e ela o viu e desejou boa viagem, mas não percebeu que era a última vez, ele talvez não tenha acreditado que era, mas isso não importa mais – ele já está em um carro, em alguma estrada que o faça voltar para casa e ela, está tentando e vai conseguir, nunca aprenderá a manter amor a distancia. E os dois serão infinitamente felizes e sempre lembraram com carinho dessa história e tentarão entender o final, mas o  que eles não sabem é que não existiu o final...”

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Um livro, uma lágrima, uma ligação, uma madrugada, uma lição e um entender.


Às vezes tenho vontade de morar num planeta onde para se ver o pôr-do-sol basta afastar a cadeira um pouquinho para trás, e, desse modo, ver quantos pores-do-sol quiser. É bom ver o pôr-do-sol quando se está triste, mas quando estou triste raramente vejo o pôr-do-sol. Aqui, onde moro, ver pores-do-sol é bem mais difícil! Quase ninguém entende o quão isso é necessário e é cansativo ter que explicar e convencer a todos da importância de amar um pôr-do-sol, explicar para pessoas isso que para mim é algo tão simples e óbvio me entristeceria ainda mais, então leio livros, ouço musicas, escrevo, penso em tudo e em todos e elaboro minhas “teorias”.

Uma noite dessas, quando estava com vontade de ver o pôr-do-sol, comecei a folhear um pequeno livro e no fim deste me vi chorando como uma menina que perdeu o “urso azul” que costumava fazê-la companhia na hora de dormir e agora está com medo e chorando, mas ainda assim tem que dormir. No meio dessas lágrimas teimosas lembrei-me do que tinha aprendido: “A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar...” e assim achei justo estar chorando. Compreendi finalmente que ainda não suporto a ideia de nunca mais escutar seu riso, de nunca mais ter seus braços como casa. Mesmo triste, digo com calma e doçura: “trata de ser feliz...”. E essa minha falta de censura muitas vezes surpreende: é claro que o amo, mas essa despedida longa me deixa debilitada! “Tu decidiste partir. Vai-te embora. Trata de ser feliz”. Depois, quando tiver me consolado, me sentirei feliz por tê-lo conhecido e eu vou lucrar por conta das andorinhas, lucrar por conta do arco-íris.

Em meio a todas essas conclusões lembrei-me também do que me disseram durante uma ligação: “Sumi. Estou fugindo de você, porque você é necessária. Eu preciso de você e não posso precisar, pois um dia você vai embora e eu vou sofrer.” Essas palavras me renderam uma madrugada inteira de vontade de ver o pôr-do-sol. Entendo e aceito a vontade dele que tanto amo e que é tão necessário para mim e repito o que o disse: “Se você precisa de mim, então precise. Se eu te faço bem então ficar sempre por perto, mas se eu te faço mal então suma. Trata de ser feliz... Você sabe onde moro eu vou estar sempre aqui. Trata de ser feliz.” Será que não entendes que, quando um dia eu for embora, mesmo que você chore e sofra estará lucrando por conta da chuva? Quando eu partir cada banho de chuva que tomarás será como se eu estivesse tocando o seu rosto.

E se escrevo essas linhas agora é graças a tudo que aprendi com um pequeno livro de 48 paginas que li e releio sempre que estou muito triste e com vontade de amar um pôr-do-sol. Esse livro conta a estória de um Príncipe que era encantador, que tinha como distração a doçura do pôr-do-sol, que era fiel a uma Rosa que o cativara, que cativou uma Raposa que sofreu com sua ida, mas que lhe ensinou que sua Rosa era única e que ele era eternamente responsável por ela.

 Esse livro feito para as crianças ensina muito mais lições que livro de gente grande e peço, por favor, que aprendam a importância de criar ritos, de cativar e de amar uma Rosa única. Assim talvez entendam de uma vez por todas que o importante é invisível aos olhos, que vale mais o coração, que não é preciso entender e sim sentir, mesmo se não for para toda vida, pra sempre se lucra e que no fim possam sempre dizer: “Trata de ser feliz. Volta para tua Rosa, não me fizeste mal, eu lucro por conta do trigo”. Digam isso para os Príncipes que os cativaram e que são responsáveis por outras Rosas e tiveram que voltar para ela.

Escrevo especialmente para mim, para que eu consiga aceitar que o Príncipe que me cativou é responsável por uma Rosa e que tem que voltar para ela, sou a Raposa que lucra por conta do trigo. Um dia a Raposa vai virar a Rosa de um novo Príncipe, pois acredito que todos são a Rosa e o Príncipe de alguém. Então, que nos deixemos cativar quantas vezes pudermos, por quantos Príncipes forem necessários até sermos a Rosa que brilhará na fidelidade de um Príncipe como a chama de uma lâmpada que brilhará até mesmo quando esse dormir.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Desculpas


    Desculpe se não correspondo a expectativa, se não possuo etiqueta, se quebro as regras e se faço besteira. Desculpe por cometer erros, por tomar decisões erradas, por ser inconsequente e desculpe por eu ser humana e, assim, não saber de tudo sempre.
    Desculpe se não reajo como deveria, se fico triste quando devia sorrir e se sorrio quando deveria ficar triste. Desculpe meu mau humor na hora errada, meu drama e meu exagero. Desculpe se eu tenho prioridades e necessidades impróprias e desculpe se eu quebrei a cara.
    Desculpe por eu gostar da pessoa errada. Desculpe se não sou difícil. Desculpe por ter sido fácil. Desculpe se te enganei. Desculpe se fui sincera. Desculpe por ter fantasiado e me deixado levar por sonhos bobos. Desculpe por ter me apaixonado.
    Desculpe se não entendo tudo e te obrigo explicar, se finjo que sei ou se me faço de dessentida. Desculpe por ter sido tola, por acha que fosse possível ou por julgar impossível. Desculpe se você não me entende e desculpe por eu ser eu simplesmente.
     Desculpe se fiquei magoada. Desculpe se te magoei. Desculpe se eu falei palavrão, se gritei, se explodi e descontei tudo em você. Desculpe por ter falado e falar de mais. Desculpe não fingir sempre que devo ou fingir quando não devo.
    Desculpe minhas mudanças de humor repentinas. Desculpe por não sorrir sempre, por às vezes estar sem graça, por não colorir sua vida e pedir pra você encha de cor a minha. Desculpe por sorrir em horas impróprias ou por chorar desnecessariamente.
    Desculpe por possuir sonhos bobos e inusitados e ansiar por realizá-los. Desculpe precisar de alguém como companhia, por achar que esse alguém pode ser você. Desculpe por eu ser infantil. Desculpe por ser adulta. Desculpe por ser inconstante e até por ser em demasia constante. Desculpe se te confundo. Desculpe se não te entendo. Desculpe se tento entender e não consigo.
    Desculpe por ser imprevisível. Desculpe ser tão fácil de prever. Desculpe se consigo saber qual serão seus próximos atos ou desculpe por desconhecê-los totalmente. Desculpe se não te dei atenção ou se dei atenção de mais. Desculpe por não ter feito ou por ter fazer errado. Desculpe por ter abdicado tão rápido. Desculpe por eu ao menos ter tentado.
    Desculpe sociedade. Desculpe mundo. Desculpe as pessoas, a família, os amantes e até os amigos. Desculpe a todos que tem que conviver comigo que precisam aturar tudo a cima citado e muito mais omitido. Por fim peço as mais sinceras desculpas a mim por ter me obrigado a escrever tudo isso e por me obrigar a pedi desculpa por todas essas coisas que não me orgulho de fazer e ser.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Caracóis e cogumelos


         Eu diria que sou, apesar das minhas imperfeições, uma boa amiga. Até seria amiga de mim mesma se não fosse eu. O estranho é perder uma amizade devagarzinho sem poder fazer nada, por que a culpa não parece ser minha.
         Diria que eu sou como um cogumelo para caracóis num dia de chuva. Estou sempre lá, sou a proteção para a chuva que os molharia. E faço isso sem me importar com as consequências, por isso, na chuva, mesmo que relampeie pra valer, eu continuaria protegendo os caracóis. Só há um detalhe que deve ser levado em conta: relâmpagos sempre acertam alguma coisa e tempestades sempre deixam lama, enchente, chão escorregadio. E, às vezes, eu sou atingida por esses infortúnios e me machuco. Mas essa opção é preferível. É melhor me magoar que jogar uma amizade fora, deixá-la ser levada pela correnteza sem fazer nada. Prefiro que eu me machuque com as cordas apertadas ao meu redor, nas quais os caracóis se seguram para não serem carregados a permitir que eles se vão. Desse modo, eu me recuperarei e terei sempre ao meu lado os meus companheiros caracóis. Caso contrário, não estaria machucada, porém ficaria só.
         Tento conservar minha amizade pelos caracóis com todas as minhas forças, ela é importante demais pra torna-se irrelevante. Mas um dos caracóis insiste em querer escorregar pela lama e afrouxar o nó que o prende à corda. O que eu posso fazer em relação a isso? Como um simples cogumelo, que oferece abrigo e proteção pode impedir o caracol fugitivo de arriscar os perigos da vida lá fora?
         É, eu sou o cogumelo. E o que devo fazer? Aparentemente, é o caracol que quer ir embora, talvez, ele nem sequer note que os nós estão folgados e prestes a desatar. Essa é uma visão que só o cogumelo tem, pois ele pode ver tudo do alto, enquanto o caracolzinho parece não notar que seu amigo não está bem, está machucado demais pra agir como faria nos bons tempos, e nem sequer observa o súbito afastamento e a mal disfarçada preocupação.
         Será que o cogumelo terá que deixar o caracolzinho partir, deixar o nó desatar? Será que o caracolzinho não vai perceber que a corda está folgada? O cogumelo não quer dizer isso ao caracolzinho, teme que ele não vá ser sincero em sua resposta e só finja atar o nó, deixando-o folgado para partir assim que possível. Por ora, essa parece uma solução aceitável, mas é apenas uma gambiarra, nada mais. Não é uma solução permanente, não é sequer uma solução. E o cogumelo cansou de gambiarras, por que ele é muito direto, objetivo. Não dá pra ficar em cima do muro com o cogumelo, a não ser que você tenha sido o caracolzinho. Mas não mais. O cogumelo não tem uma solução definitiva e a quer mais que tudo, pois tem o "complexo de Rubik", precisa solucionar o quebra-cabeça.
Larissa Artemis

terça-feira, 16 de agosto de 2011

De novo, novo


Estranho saber que sou realmente importante para alguém. Anormal alguém pensar em mim durante a semana e me abraçar como se quisesse carregar um pouco de minha alma para lhe fazer companhia durante minha ausência. Estranho eu crer nisso sem questionar, sem duvidar. Fora do comum eu confiar inteiramente nele.
Diferente dos outros não houveram roubos. Ele bateu. Pediu licença. Aceitou o meu não, mas não saiu da porta. Esperou pacientemente o consentimento de sua entrada e foi ganhando espaço aos pouquinhos. É o único que tem minha permissão de ser essencial. E já que todas as suas solicitações foram atendidas se aproveitou o máximo disso e sem dívida me vê de um jeito que quase ninguém parece notar ser passivo de veracidade. Ele me vê de verdade.
Normalmente quando crio minhas “teorias” acerto quase tudo do ser em questão, mas ele é exceção. Julguei-o muito mal pela capa, comecei a lê-lo por uma remota curiosidade momentânea e fui arrebatada por uma história envolvente, cativante, fascinante que hoje sou totalmente viciada, preciso conhecer mais e mais os detalhes e os acréscimos dessa historia escrita e vivida por ele que desde nosso último reencontro se mostra de novo, novo.
As pessoas e o mundo parecem não percebem o quão inútil é nos separar. Há sempre o mesmo céu que nos une! Este nos atrai de volta e quando isso acontece é como se nunca tivéssemos nos separado. Ele tem poder de me destruir, mas sei que isso nunca acontecerá, pois é ele que me entende do inicio ao fim, me acompanha, me olha, me fala, me aconselha, me abraça, me domina, me conhece e acima de tudo me devolve pra mim mesma.
É incrível!  Não importa o tanto que esteja mal, triste, deprimida ou revoltada. Se eu encontrar com ele tudo muda. Ele me dopa de alegria! É como se existisse só eu e ele e o nosso universo. E, por mais ilógico que pareça, sua ausência se torna doce por ela anteceder os nossos poucos momentos juntos. Criamos um rito e enquanto este existir, tenho força para todos os “probleminhas” da minha tão perfeita vida que no momento não faço a menor ideia de quais são ou se eles existem, pois estou pensando nele, falando dele. Para ser sincera nem sei o que esta acontecendo na minha vida, pelo visto ele tem o poder de me fazer esquecer mesmo não estando ao meu lado. Ele me faz muito bem!
Cumplicidade é pouco, o que temos um pelo outro ainda não tem nome. É muito mais que amizade, até mais que irmandade, é o sentimento mais lindo e puro que se pode ter por alguém, é o sentimento que pode curar todas as feridas não precisa de um nome ou motivo pra existir, ele é muito mais que isso. É tão forte e tão grande que quando estamos separados quase existe por si só, mas na presença se faz menor, se divide pra ocupar dois corações da mesma forma e intensidade.
Acredito que por mais que tente falar quão bem que ele me faz e me traz, o quanto que é essencial pra mim, não conseguiria passar a real dimensão. Então, me recuso a tentar isso, pois temo que o que sinto se torne aos poucos o que escrevo. Creio também não haver necessidade de explicações porque sei que ele já sabe e entende tudo que ele realmente é pra mim e, se estiver certa como sei que estou, apenas preciso lhe dizer uma única coisa: OBRIGADA!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

A descoberta do conhecido

Ele surgiu no meu mundo e nem o reparei, era só mais um cruzando os corredores, mas um dia ele estava na companhia de pessoas que reparo e então o notei. Descobri já ter falado com ele e que já tinham me falado dele, só então o dei atenção e assim tudo começou.
Ele é dessas pessoas que te roubam sem permissão e adoro pessoas assim. Quando dei por mim ele já ocupava uma parte do que me faz forte. Em menos de um dia eu já era dele, já haviam “teorias” que foram aumentando e mudando ao decorrer dos minutos quase que diários de convivência. Ele passou a ser mais um que gostava de ter perto, que me divertia, me fazia rir. Desconfio que ele não ficou satisfeito de ser apenas isso e, esquecendo que todos se tornam responsáveis por aquilo que cativam, resolveu se apoderar ainda mais de mim. Mesmo querendo, não consegui impedir. Fui rendida pelo seu ar um quanto tanto instigante, seu jeito espontâneo de agir e falar e sobretudo pelo seu jeito de me olhar, que admito me deixar um pouco tonta. Isso o fez dele mais do que os outros.
Hoje ele é fundamental pra mim e o quero muito mais do que posso ou devo, anseio por descobrir mais deste que sei tão pouco, que é tão imprevisível e mesmo assim me faz tão bem. Ao seu lado sou obrigada a ser apenas eu mesma e ele nem sabe o poder que tem sobre mim, já responderia a todas suas perguntas e como desejo que ele responda a minhas inúmeras curiosidades a cerca deste conhecido tão desconhecido.
O difícil é saber o que mais gosto nele, ele faz uma infinidade de coisas de um jeito único, que me conquistam e me fazem apaixonada por suas atitudes. Ele nem sabe como eu gosto quando ele aproxima a bochecha perto da minha boca para receber um beijo meu, o quanto gosto do seu jeito infantil de segurar minha mão sempre quando está do meu lado, da sua cara de menino travesso quando fala besteirinhas pra me provocar, da sua cara de culpado quando parece a ponto de largar tudo ou ainda da sua cara de “que menina chata” quando eu estou arengando com ele. Gosto também do jeito como me olha por cima dos óculos quando quer saber o que estou pensando ou quando quer que eu saiba o que ele está pensando. São coisas tão pequenas que o fazem ser quem ele é, pequenas manias que me fazem totalmente rendida a ele, sem falar no timbre de voz, perfume, jeito de sorrir e até sua cara de quem está fazendo algo que não gosta. Quando ele está realizando qualquer uma desses atos é como se o mundo ao redor não existisse e só fossemos eu e ele.
O que me pergunto quase que incansavelmente é por que resolvi construir apego por ele, que pertence a um mundo tão diferente do meu e com quem não vou poder estreitar os laços de sentimentos que existem em meus pensamentos mais infantis, por que teimo em lembrar-me dele antes de dormir, por que insisto em me perde em meus pensamentos fico me imaginando contando a ele todas as minhas vontades das mais sutis até as mais secretas, quero conhecer todos os seus pequenos pecados, imagino ele me falando sobre seus gostos, sua casa, seus amigos, com quem se deita, quem lhe dá abrigo, imagino conversas longas pra tentar  conhecê-lo, abraços e risos sem motivos, pores-do-sol, filmes, caminhadas, confissões e beijos. Quando percebo que estou tomada por esses devaneios me interrompo e me obrigo a voltar pra mim, a vê-lo como realmente é: proibido pra mim.
Chego a achar que existem dois dele: o verdadeiro e o dos meus cenários. Como eu queria que eles se tornassem um. Como eu queria que ele pensasse um pouco em mim. Como eu queria conversar com ele abertamente sobre tudo que penso e acho de nós. Desejos, meus doces desejos que me motivam a viver. Sonhadora? Boba? Sou muito, mas não confundo a realidade com meus sonhos e minhas bobagens. As bobagens evitam o meu tédio e meus sonhos motivam a minha realidade ser ainda melhor.
E ele no momento me garante ficar menos vazia, me traz um pouco do meu âmago de volta e é por isso que gosto tanto dele, que quero tanto o ter por perto e enquanto for assim vou continuar pensando nele, mesmo não sendo recíproco, mesmo correndo o risco dele se assustar e fugir, não importa eu já tenho o mínimo necessário dele por tempo o suficiente para achar uma solução definitiva para esse teimoso vazio que ele parece ter a cura. Não é o que desejo, mas não sei o que devo desejar, então só levo um dia de cada vez espero sempre algo fazer sentido. E enquanto isso, brinco com minhas insanas “teorias”.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Chama da infantilidade

    Detesto o meu jeito de ser, sou muito exagerada e a confusão interna que estou vivendo no momento parece ter aumentando ainda mais o meu exagero: vejo um furacão quando há apenas uma leve brisa passando.
     Uma conversa, poucas palavras ditas, e me vi traçando o que parecia ser uma oportunidade e preencher o vácuo que teima em habitar meu íntimo.
     Enquanto minha parte racional zombava de mim, acendia uma chama como se com esperança de fazer meu coração menos inóspito, aquecer de vez esse ambiente gélido. Construí todo esse cenário num espaço de tempo tão curto que, ao perceber tudo que havia armado, me assustei percebendo por fim o quão tola estava sendo.
     Pensei então em desfazer tudo, mas me dei conta que já é tarde. Minhas “teorias” já foram criadas e mesmo se conseguisse desfazê-las, restariam vestígios que seriam marcas por tempo demais.
    Aguardo um desfecho daquilo que mesmo não querendo imaginei, sonhei e até idealizei. Algo que mesmo relutante e sabendo que não devia, quero que aconteça.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Guerra Civil

 
    Quando acho que me conheço o bastante para entender o que se passa em meu interior, me aparece uma sensação novinha em folha para acabar com essa teoria, me deixar inquieta, perdida. O equilíbrio que demorei tanto a encontrar foi destruído, pareço longe do que me tornar eu mesma. Sinto-me muito desigual. Estou vivendo coisas demais, sensações de mais, o que faz de mim mais inconstante do que o habitual.
    Ainda desconheço a nascente de todas as mudanças. Inicialmente achei que fosse a perda daquele que me faz tão bem que estou prestes a viver, e muitas vezes já parece ter acontecido. Estava enganada. A vida me ensinou a conviver com as perdas que sempre acontecem da pior forma possível, e o mais terrível, cicatrizam mais rápido do que deveriam. Depois, atribui tal instabilidade a grande quantidade de coisas pendentes e as várias noites sem dormir. Mas tive que largar essa ideia ao perceber que dormir por longas horas seguidas não me ajudou. Fui então obrigada a admitir aquilo que estava lutando pra crer ser mentira.
    Meu âmago foi destruído, as partes que me compõem parecem estar brigando como cães raivosos. Enquanto eu assisto inerte, pareço uma mera espectadora tentando entender por que essas, que outrora conviviam como irmãs, agora estão em guerra. Demoro a notar que o pacificador abandonou sua missão, deixando seus dependentes ao caos.
    E em um piscar dos olhos me dou conta do que se sucedeu, entendo que a única culpada sou eu, eu sou a razão de todos os problemas. EU, a inconstância em pessoa, estraguei tudo, fiz com que aquilo que era essencial se fosse, ele disse apenas que tantas mudanças fizeram de mim um ser diferente de mim mesma. Isso era um adeus, uma última oportunidade de manter minha essência, mas não prestei atenção as suas palavras só dei conta de sua partida depois de ver tamanha desordem em meu íntimo.
    Já é muito tarde. Já não posso fazer mais nada pra reatar minha paz. Percebi tudo muito fora do tempo. Entendi o que se passava muito depois do esperado, a destruição já estava feita. Meu âmago se foi. Perdi minha índole. Agora lamento não ter percebido tudo antes. Feito uma criança, choro antes de dormir, deixo meu rosto contemplar minhas lágrimas que nascem para morrer no meu travesseiro. Rezo, quase que desesperadamente, por um retorno, um estabelecimento de paz... Rezo para um reencontro que me faça voltar para mim, que me faça ser quem eu sempre fui, que me faça me reconhecer ao espelho.
    Só quando esse reencontro acontecer eu terei de volta minha velha companheira, então anseio, com todas as forças que me resta, para isso acontecer, grito por ele enquanto em pratos adormeço e vislumbro em um doce sonho esse lindo reencontro.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Palavras Repetidas

Segundo Larih, me descrever é uma modéstia tentativa do impossível e tenho que concordar com ela, pois por mais que eu tente acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto e do que gosto. E não gosto do bom gosto, não gosto do bom senso, não gosto dos bons modos. Gosto dos que tem fome, dos que morrem de vontade, dos que secam de desejo e dos que ardem.
Gosto, de me perder por um tempo e forçar-me a regressar de longe ao meu lar, atrair-me a mim mesmo de volta para mim. Não gosto de discursos longos sobre coisa alguma, gosto de ouvir pessoas que sabem te ganhar logo de início. Gosto de chegar antes para sinalizar o estar de cada coisa.
Gosto de esquecer que o pra sempre, sempre acaba. Gosto mais do segundo que antecede o beijo do que do beijo. Gosto de provar novos sabores, ir até onde ninguém foi, fazer coisas que ninguém nunca ousou fazer, de quebrar as regras, de lutar por um sonho qualquer e de me apaixonar por um dia.
 Não gosto de seres humanos que perderam a coragem de mudar o mundo ou dos que vêem a maldade e a deixam acontecer, é por estes que o mundo está perigoso e apesar de gostar do perigo, não gosto do mundo como está nem mesmo das coisas como são e se o mundo é mesmo parecido com o que vejo prefiro acreditar no mundo do meu jeito.
No mundo atual o que é de mais nunca é o bastante e a primeira vez é sempre a ultima chance ninguém ver aonde chegamos os assassinos estão livres, mas eu não estou, então se você conhece a liberdade me diz qual é o seu sabor?
Com esse sistema mal saber que minha turma é legal me conforta assim como o gosto do chocolate ou som do vento, raios, relâmpagos e trovões, a tempestade me distrai, banhos na chuva ou no mar, andar no escuro ou de madrugada, ver o pôr do sol ou a lua, conversar com um amigo ou rir sem motivo, ouvir o canto de um pássaro ou o desabrochar de uma flor e acima de tudo as cores, adoro as cores e as luzes, essas pequenas coisas fazem da felicidade velha uma companheira. Ainda assim algumas vezes tenho vontade de sair da terra por um tempo e depois voltar para poder recomeçar tudo do zero, só que para isso eu ia ter que abrir mão de todos e de tudo e isso aqui é meu “inferninho” predileto e não abro mão dele por nada.
Stephanne de Oliveira Marque
Texto criado em: 25-04-11
Texto de itálico retirados de: letras de Renato Russo, Adriana Calcanho, Catedral e Capital Inicial ou Poemas ou frases de Albert Einst,, Nietzcshe e mais alguém famoso.
“Sei que as vezes uso palavras repetidas,
 mas quais as palavras que nunca são ditas...”

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Um doce desconhecido

        Roubando a frase de Maria Gadú: “há um tempinho atrás eu conheci um cara... diferente, completamente interessante (...)” esse alguém me instiga, me motiva a querer desvendá-lo. Quem dera eu pudesse! Não converso com ele, nem o vejo ou troco mensagens, o que sei dele é apenas o que conseguir guardar e muitas palavras. Estas repletas de significados, na maioria incompreensível pra mim.
            Ele tem um ar um tanto quanto misterioso, um ser sem dúvida capaz de amar e sofrer, um ser que tornou meus dias mais a alegres durante a nossa convivência, que me cativou de forma tão rápida que me deixou tonta. O apego construído em horas ainda perdura, mesmo eu lutando contra isso. Não gosto de gostar sozinha! Sei bem que ele pouco se recorda de mim, que não sabe o quanto foi/é importante para mim, sei que não fui nada mais de uma garota que ele conheceu, mas alimento a esperança de um reencontro e a certeza errada de que um dia vamos ser grandes Amigos.
            Sempre crio “teorias” sobre as novas pessoas que cruzam meu caminho, mas ele foi um dos poucos que defino como um menino normal. Em um segundo instante  achei-o “nerd”, depois, extremamente parecido comigo, isso aconteceu quando que ele se apoderou de mim. Eu, quebrando todas as minhas regras, deixei-me ser conduzida por este desconhecido, depositei toda a minha confiança nele, que prometia nunca me decepcionar. Isso não durou muito logo ele quebrou a promessa que tinha feito, talvez por culpa minha, acreditei então que ele era completamente diferente de mim.
            Hoje o admiro muito e discordo de quase tudo que pensei sobre ele. Não consigo firmar uma nova teoria, só que ele parece ser Aquele que sempre procurei para ter como amigo, e isso alimenta meu sonho de ser próxima dele, de ter a liberdade de chorar no ombro ou telefonar de madrugada, enfim, de conhecer quem realmente ele é e permitir que ele conheça a mim. Gosto de perder-me nos meus pensamentos sobre ele, nas minhas memórias, nos meus desejos e isso acontece quase que diariamente, apesar disso já não lembro muito dele, mas como esquecer seu olhar de menino?
            Ao passar do tempo minhas lembranças foram se confundindo com a realidade, já não sei se fantasio! E só descobrirei quando o reencontro que tanto anseio acontecer...

domingo, 29 de maio de 2011

Caminhado para o fim

Tento achar palavras pra expressar o que estar fazendo o meu coração se comportar dessa forma, mas eh impossível! Está além do meu alcance, da minha capacidade. Ponho-me de frente ao espelho e vejo que ainda estou inteira, intacta. Mas como pode ser se me sinto aos pedaços como se eu tivesse sido acertada por uma metralhadora, meio sem chão, sem rumo, perdida!
Sinto medo como uma criança que ficou em casa sozinha e aí faltou e energia e alguém tomou da sua mão, de forma brusca e inesperada, a única vela que a mantinha segura, com esperança de que tudo ia ficar bem e então a mesma se colocou a chorar. Quem apagou a vela? Como aconteceu? Por quê? E principalmente, porque a vela é tão importante? São perguntas que ainda não possuo a resposta e para ser bem sincera não importa como, quando, quem ou porque aconteceu, o que realmente importa é que aconteceu, ou melhor, está prestes a acontecer e que isso me influi de forma que custa a fazer sentindo. Ainda não faz! Ainda tento entender porque ele tem tal importância, se o conheço há tão pouco tempo, porque pensar que posso não vê-lo dói tanto? Por que sua partida me deixa tão desorientada? Ainda estou tentando entender, lutando pra que isso tudo faça sentido.
Minto! Claro que sei por que isso está mexendo tanto comigo, porque apesar de fria, eu devoto amor a algumas pessoas e se estas se vão, essa ida dói. Machuca de forma que não posso traduzir em palavras. É o tipo de coisa que é própria de quem está sentindo e os telespectadores não veem sentido. Afinal, por que para qualquer outra pessoa não envolvida na situação isso não passa de um mero fato do cotidiano, que ao decorrer dos dias cairá no esquecimento, pois todos deixaram de comentar, se acostumaram como se fora sempre assim e odeio ter que admitir a verdade existente nisso.
Aos poucos eu vou me adaptar, todos vão esquecer o tom de voz, o perfume, o jeito preferido de usar o cabelo, ao longo dos meses isso será apagado. O tempo agirá de forma imperceptível e quando dermos conta, só restara um nome na cabeça de todos, na minha um pouco mais. Também me esquecerei dos detalhes, contudo, é impossível esquecer a essência, as piscadelas, o jeito de sorrir, de cuidar, o modo de olhar, por isso sofro. Estou ciente que vou me acostumar com a ausência, que tenho menos de 2 meses para coletar a essência. Saber que tenho que me despedir parece pior que a distancia que será erguida.